quinta-feira, 30 de setembro de 2010

















Residente da miséria

Vejo a face do diabo.
Convivo com a desgraça.
Alimento-me de barro temperado.
Sacio minha sede, com as minhas lágrimas.

As varejeiras disputam espaço no meu rosto.
Os urubus na expectativa de comer vivo meu corpo.

Na brisa do vento da para sentir o odor da morte.
Quem morre primeiro tem sorte.

HIV.
É o bônus da miséria.
Que ganhamos antes mesmo de nascer.
E que durante toda uma vida correrá em nossas artérias.

Minha fisionomia esquelética.
Vai aos poucos juntando-se ao pó da terra.

Fico a orar por um super herói,
Que minha mãe sempre me dizia.
Que ele era bom e um dia viria.
E de nossas vidas ele cuidaria.
Espero por esse dia.
E que ele traga água e comida.

Pois apenas ele para me provar que,
A vida é realmente bela.
Aqui no residencial da miséria.




                                            Fredy letras

2 comentários:

  1. Parece uma praga, uma mal dição,
    essa condição da humanidade,
    de só ver por cima,por alto e por perto.
    Cada x mais nos especializamos em não ver,
    não querer saber, não investigar fundo,
    não nos compadecermos, não pararmos o mundo
    para buscar a solução para as dores dos
    nossos irmãos, homens, animais, vegetais,
    minerais,
    a doença e a morte, rondando,
    ocupando espaço.

    Nossos olhos vítreos não vêm além do diâmetro
    do nosso umbigo.

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